Cinco acessos seriam construídos em Brasília-DF pelo Governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, na 109/209 e 105/205 Norte e na 105/205, 109/209 e 113/213 Sul,
no modelo da quadra 113/213 Norte. As obras foram iniciadas ao final de
julho de 2012 e, segundo as projeções do Governo do Distrito Federal
(GDF), seriam finalizadas em novembro deste ano. Porém, o Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) suspendeu a
autorização no dia 25 de setembro de 2012, e sobre este assunto,
conversamos com José Leme Galvão Junior, Superintendente do IPHAN no Distrito Federal. Boa leitura:
Blog: A
superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional (Iphan) suspendeu, nesta terça-feira (25), a autorização do
Governo do Distrito Federal para realizar as obras das “agulhinhas”, que
dariam acesso ao Eixo Rodoviário (Eixão) pelos Eixinhos Norte e Sul?
José Leme Galvão: O
IPHAN embargou as obras e cancelou a autorização anterior. Além da
insuficiência de projeto e estudos que as justifiquem, entendemos que
tais intervenções comprometem a característica rodoviária do Eixão,
retirando a hierarquia do sistema viário longitudinal do Plano Piloto,
entre outros problemas de acessibilidade e segurança, além da redução da
área verde.
Blog: A
Secretaria de Obras do DF, responsável pela execução do serviço, não
apresentou um estudo de aferição de volume de tráfego em horários de
pico para justificar a realização das obras?
José Leme Galvão: Apresentou
após a data do embargo a contagem de veículos em parte das
“tesourinhas”. Não é um estudo de viabilidade nem avalia os impactos
positivos e negativos ao patrimônio cultural.
Blog: O instituto também discorda do GDF quanto às melhorias que as “agulhinhas” promoverão no trânsito das Asas Norte e Sul?
José Leme Galvão: Evidentemente sim.
Blog: Podemos
afirmar que, os acessos criarão mais congestionamentos, especialmente
no Eixão Sul, e representarão risco de vida aos motoristas devido ao
alto fluxo de carros que tentarão entrar na via?
José Leme Galvão: Em termos semelhantes aos informados ao GDF: Os
riscos são consequência de vários fatores combinados. O certo é que o
incremento de veículos e a eliminação da hierarquia podem problematizar
ainda mais o controle do tráfego. Entretanto, como já enunciado acima,
entendemos que a justificativa apresentada para a intervenção é
equivocada e contrária aos preceitos fundamentais do tombamento, face
aos valores culturais (histórico e paisagístico) em questão.
Lembremo-nos que aquelas existentes no final da Asa Norte foram feitas
como desvio para permitir a construção das passagens sob o Eixão, até
então inexistentes entre as quadras 113/114 e 213/214. Isso antes do
tombamento. Desde aquela época a construção das agulhinhas foi
sistematicamente desautorizada pelo Iphan, com base em estudos adequados
das propostas que apontaram impactos negativos à preservação do
Patrimônio Cultural acautelado e a ineficácia da pretendida solução,
seja de tráfego, seja de acesso, seja de mobilidade urbana.
O
sistema do Eixo Rodoviário é eficiente, não o é a travessia das asas,
em razão do número acachapante de veículos e a ineficiência do
transporte público. Essa transversalidade fica estrangulada nos
comércios W-1 e L-1 e as agulhinhas resultariam em maior e mais rápido
congestionamento nas vias transversais e no próprio Eixo Rodoviário,
isto é, não solucionariam nada. Pelo contrário, transformariam o Eixão
em avenida comum, com a faixa da direita nmuito comprometida e apenas
duas faixas de rolamento desimpedido.
Por
isso podemos prever graves conflitos de trânsito nas faixas à direita,
pois as faixas adicionais de aceleração e desaceleração, para acesso
direto a cada agulhinha, não comportam mais que 6 ou 7 carros em
velocidade reduzida, quanto mais a 60 ou 80 quilômetros por hora. As
retenções e acidentes gerados poderão ser sérios e demandarão – além das
vidas em risco – inúmeros processos judiciais, inclusive contra o
IPHAN.
Além
disso, é necessário analisar as hipóteses de intervenção em escala
urbana com base em estudos de impactos ao patrimônio cultural,
considerando o contexto dos bens culturais atingidos, a fase do
empreendimento em que deverão ser implementadas, o caráter e as
condições de medidas preventivas ou corretivas e sua eficácia, e, além
disso, a definição de responsabilidades do executor. Os estudos devem
ter prognósticos, cotejando objetivos, propostas técnicas, viabilidade
e, em relação ao patrimônio cultural em questão, apresentar os cenários
de curto, médio e longo prazos. Devem considerar também eventuais
problemas de execução e as cautelas consequentes, para assegurar mínimo
dano ao patrimônio, tanto quanto prejuízos para o desenvolvimento e a
implementação do empreendimento.
Por
fim é preciso reiterar que o Eixo Rodoviário é uma das marcas do Plano
Piloto de Brasília. Misto de avenida e rodovia, resulta de uma solução
urbanística perfeita para a cidade-parque, com baixa densidade e setores
definidos. A estrutura axial alongada como um tronco e suas
ramificações, reinterpretando a cidade jardim e os paradigmas do
modernismo, abrigou em seus interstícios as quadras e superquadras,
protegidas do tráfego alheio às suas funções e vizinhança. Essas
qualidades são valores que podem ser perdidos ou danificados
Postado por Jornalista André Falcão
CUSTOS
Agora vejam os custos dessa intervenção:
O Eixo Rodoviário Norte-Sul
ganhará mais cinco acessos diretos às tesourinhas, segundo o Governo do
DF. As novas vias serão chamadas de "agulhinhas". Os recursos foram
liberados pela Junta de Execução Orçamentária, coordenada pela Casa
Civil do DF, e a execução está a cargo da Secretaria de Obras. O custo
total será de R$ 3,5 milhões.
Atualmente, o Eixão conta com uma agulhinha na altura da 113/213 Norte. Até o fim de novembro, serão construídos os acessos na 105/205 e 109/209 Norte e na 105/205, 109/209 e 113/213 Sul.
Atualmente, o Eixão conta com uma agulhinha na altura da 113/213 Norte. Até o fim de novembro, serão construídos os acessos na 105/205 e 109/209 Norte e na 105/205, 109/209 e 113/213 Sul.
Fonte:R7