A real necessidade do VLT

Multiplicam-se os discursos em defesa do VLT, no trecho Aeroporto/W3, e na elaboração de um Termo de Ajuste de Conduta entre GDF e Ministério Público. Fato esse que já nos causa desconfiança visto o descumprimento ao firmado entre ambos a respeito da área do Catetinho, que ora volta à cena no governo Agnelo, na esperança, quem sabe, de tê-lo como mais uma área para adensamento urbano.
  
Mas, Catetinho à parte, voltemos ao VLT. Divulgar que ele é fator vital para a solução do transporte urbano e para a revitalização da W3 Sul com  a  retirada de ônibus é, no mínimo, um giro no mundo do faz-de-conta.O GDF fará de conta que tudo é verdade e sério e nós, comunidade, faremos de conta que acreditamos? 
A previsão para a retirada sumária de ônibus da avenida é de mais de uma década e sabe-se lá se, de fato, possível. Em junho de 2010 foi solicitada ao GDF uma Audiência Pública para sanar dúvidas sobre o projeto.As eleições de outubro somadas ao desinteresse do governo tampão impediram a sua realização.

O fato foi levado ao Governador Agnelo, às vésperas do 1º turno, e nos parece estar em fundo de gaveta.Assunto dessa magnitude, com esse impacto, preocupa-nos visto não sabermos o que se planejou para minimizar as conseqüências que intervenções dessa natureza podem trazer para toda a cidade, fora não termos a menor garantia de sua continuidade.A falta de ampla discussão com todos os atores sociais em qualquer ação de governo, acaba sendo, como foi nesse caso do VLT, um fator de risco de  insucesso e de decepções. 

As informações de responsabilidade do Governo local precisam sair de sua incipiência atual, de seu primarismo, para o estado desejável de entendimento das diversas fases do projeto, com abordagem tanto dos fatores de risco quanto do esperado sucesso. Impossível caminhar com tantas dúvidas. Estas agora multiplicadas com o Plano Diretor de Transporte Urbano – PL 240/11, elaborado sem embasamento científico e técnico e sem debate com a comunidade antes de seu envio à CLDF, em caráter de urgência. 

A certeza de empréstimos do BID e 2.4 bilhões de reais disponíveis no PAC da mobilidade justificariam um Plano com inconsistente qualidade e desvinculado do PDOT e do Plano de Preservação em curso? As duas propostas para a W3 apontadas nas figuras 31 e 32 do anexo 3 do PL, mostram suas incongruências. O que será votado? Uma W3 com 4 pistas para carros, 2 corredores de ônibus no canteiro central com baias para embarque e desembarque ou com o VLT no canteiro central com 6 faixas para automóveis, como se em um passe  mágico todos os ônibus pudessem desaparecer? 

Basta senhores! Basta de filmes de marketing sobre o VLT exibindo, no mundo do faz-de-conta, supostas árvores que encobririam a vergonhosa fiação aérea consentida pelo IPHAN. Basta de Planos Diretores ávidos pelos milhões que possam render aos empresários. Basta de enganação a quem merece respeito.

Heliete R. Bastos – Presidente do Conselho Comunitário da Asa Sul