Brasília(DF), 28 de junho de 2007
CE 007/2007 - CCAS
Exmo. Sr.
Dr. José Roberto Arruda
DD. Governador do Distrito Federal
Senhor Governador,
Em 29 de março p.p, o Conselho Comunitário da Asa Sul – CCAS , em reunião ordinária com os prefeitos de quadra e outras lideranças comunitárias, teve como um dos assuntos em discussão, matéria veiculada na imprensa local sobre a construção de estacionamentos subterrâneos nas vias L1 e W1, visando sanar a carência de vagas nas áreas comerciais próximas. Ao final, deliberou-se, por unanimidade, levar a seu conhecimento a posição contrária da comunidade quanto à consecução do projeto, pelas razões expostas sucintamente nesta correspondência.
Em primeiro lugar, causou perplexidade a todos, como um assunto de tamanha importância no plano urbanístico de Brasília aparece na imprensa como se fora um “balão de ensaio” , sem qualquer participação da sociedade que nunca esteve nem estará à margem das discussões que lhe interessam, até mesmo porque nunca se furtou a elas.
Há que se considerar que o comércio local foi concebido não para ser um grande centro de compras, mas para atender com diversidade à população residencial vizinha. Assim, a implementação divulgada está na contramão de sua finalidade original que esperamos ver resgatada. Não se pode pensar em estimular a instalação de estabelecimentos de grande porte que demandem, a cada dia, um inatingível aumento do número de vagas para veículos.
Quem conhece a cidade sabe que a falta de estacionamentos acontece em seus setores centrais, para onde se dirigem, diariamente, milhares de veículos. Em seus encontros eleitorais, o senhor falava na desconcentração dos órgãos das referidas regiões na busca da melhoria da distribuição espacial de Brasília. As vias W1 e L1 são áreas lindeiras de quadras residenciais e os moradores não querem a alternativa proposta.
Não se pode furtar ao óbvio : falta estacionamento, onde o comércio local foi desvirtuado. Ele acontece nas “Ruas dos Restaurantes”, “ Rua das Farmácias”, “Rua das Elétricas”. Todas, canalizadores de fluxo incompatível com as vias secundárias de trânsito que deveriam ser.
Não se entende, também, porque, a despeito de toda a oposição manifestada, o Governo se disporia a arcar com recursos elevadíssimos para uma experiência piloto. Não se pode deixar de colocar o assunto em discussão pois, ainda que construídos pela iniciativa privada, tornar-se-ão insustentáveis caso não venham a atender a seus objetivos e recairão sobre os moradores das superquadras o resultado dessas más idéias, responsáveis pela descaracterização da cidade em sua visão urbanística.
Está claro que a construção das rampas de entrada e saída e das escadas rolantes previstas seria feita em local hoje ocupado por áreas verdes com desrespeito à proporcionalidade prevista para as quadras residenciais. Os moradores não querem isso.
Esperamos que esse Governo dê prioridade ao essencial: vamos resolver o problema das passarelas inseguras e sujas – estas utilizadas pelos pedestres; vamos revitalizar essa W3 desgastada; vamos construir estacionamentos na área central; vamos dotar Brasília de um sistema de transporte decente; vamos cuidar do interior das superquadras ( até hoje sem os jardineiros retirados ), vamos respeitar os pedestres recuperando e implementando decentes passeios públicos, vamos melhorar a iluminação das superquadras e entrequadras e, certamente, o dinheiro será poupado para uma utilização mais racional.
Isso posto, esperamos que as nossas preocupações possam sensibilizá-lo: não se pode falar em projetos tão audaciosos e discutíveis sem ouvir a comunidade interessada, no caso presente - os moradores de Brasília.
Respeitosamente,
Heliete de Almeida Ribeiro Bastos
Presidente do CCAS