Comércio e Pousadas nas 700

Imagens: Maurício Barini
ESTA QUESTÃO DAS POUSADAS E SALÕES CLANDESTINOS (COMÉRCIO NA ÁREA RESIDENCIAL) DAS 700 SUL DEVE MERECER DE TODOS NÓS UMA ATENÇÃO ESPECIAL...
Briga antiga - Leonardo Ribbeiro
Moradores da W3 Sul brigam com donos de pousadasPelo projeto arquitetônico de Brasília, as quadras 700 da Asa Sul são destinadas a residências. Mas basta dar uma volta pela W3 para verificar a existência de comércio. A maioria pousadas que têm tirado o sono dos vizinhos. “Eu acho que todos têm direito de montar seu comércio, mas não em quadras residenciais. São barulhos excessivos durante a noite. Até mesmo pelo tipo de pessoas que freqüentam”, diz Marcos Fernando Kamura, consultor empresarial.
Segundo a Secretaria de Fiscalização de Atividades Urbanas, a atual Administração de Brasília não tem concedido alvará para estabelecimentos comerciais das quadras 700 da Asa Sul. Mesmo assim, cerca de 20 pousadas ainda funcionam na região. Todas com liminar da Justiça.
As autorizações são baseadas numa lei distrital, que permite a transformação de residências em comércios. Antes da lei, o projeto tinha como foco as cidades satélites, mas a aprovação acabou beneficiando também o Plano Piloto. “É um ambiente familiar. Nós recebemos pessoas que vêm de outros estados, pessoas que vêm fazer cursos, vêm fazer tratamento no Sarah...”, conta Francisco Adésio, recepcionista.
Os argumentos não influenciam o trabalho da fiscalização. Desde o início do ano, já foram fechados 60 estabelecimentos comerciais das quadras 700, que não tinham o alvará para funcionar nem a liminar da Justiça. Entre eles, uma pousada da 704 que foi multada e teve as portas lacradas. “A cada 15 minutos pára táxi na porta. O pessoal chega, paga cerca de R$ 30 e entra acompanhado por prostitutas. O barulho incomoda muito. É táxi buzinando, móveis sendo arrastados, TV ligada até tarde da noite... É perturbação constante!”, reclama Wagner Valente, engenheiro agrônomo.
Mesmo com a reclamação do vizinho e a determinação do GDF, o local continua recebendo clientes que defendem a permanência da pousada. “Brasília, em termos de hospedagem, tem um custo muito elevado. Pra mim, a pousada é uma boa opção por ter um preço menor”, argumenta Ézio Francisco Lopes, recepcionista.
A pousada da 704 Sul virou caso de polícia. Como a dona violou o lacre da Secretaria de Fiscalização, ela pode ser indiciada por desrespeito a ordem pública. A 1ª Delegacia de Polícia deve abrir inquérito para apurar o caso.