Do CorreioWeb24/01/200816h12-
Uma festa que dura toda a madrugada, uma conversa muito alta, umensaio de uma banda muito barulhenta. Esses são alguns dos motivos quelevaram 1.473 pessoas a registrarem queixa de perturbação de tranqüilidadecontra seus vizinhos em 2007 nas delegacias do Distrito Federal. No entanto,o número representa pouco mais de 2 % da quantidade de chamados que aPolícia Militar recebe todos os dias para acabar com barulho. Como têmoutras emergências para atender, as equipes policiais não conseguemaveriguar todas as reclamações. Diante da dificuldade, os moradores preferemsuportar o vizinho a ir a uma delegacia registrar o caso. Burocracia inibe reclamação sobre vizinhos barulhentos Se alguém se sente incomodado com o barulho feito pelo vizinho, a reaçãonatural costuma ser ligar para a polícia. “Muitas vezes a gente pergunta sea pessoa já tentou resolver o problema pessoalmente e todo mundo fala quenão”, conta o diretor do Centro Integrado de Atendimento e Despacho (Ciade),coronel Adauto Gama. Mas ele diz entender os possíveis receios de quem estádenunciando. “Quando liga para a polícia é porque já tem algum problema como vizinho ou não sabe se ele pode ser perigoso”, acredita. Para esses casos, Adauto recomenda outros procedimentos. “Se a bagunça éfreqüente, é preciso levar a reclamação ao síndico do prédio, lídercomunitário, prefeito de quadra ou à administração da cidade, pois hámedidas administrativas que podem ser tomadas antes das policiais”, defende.Porém, a população ainda não está ciente dessas possibilidades. Não é à toaque, segundo o coronel, o Ciade recebe, em média, 200 ligações por dia comrelatos de perturbações feitas pela vizinhança barulhenta, enquanto somentequatro registros são feitos diariamente nas delegacias. Uma moradora do Cruzeiro, que prefere não se identificar, reclama que osatendentes do 190 recomendam que o incomodado se dirija à delegacia maispróxima para registrar a queixa em seu próprio nome. “Se eu tiver que sairde casa de madrugada para fazer isso, sendo que é papel da polícia ir láresolver o problema, prefiro agüentar o barulho”, critica. O coronel Adauto defende que a indicação dos atendentes do Ciade nãorepresenta ineficiência da polícia. “Se tivermos uma viatura disponível, nãodeixamos de atender o caso, até porque não posso obrigar uma senhora alevantar 2h da manhã e ir à delegacia”, garante. “Mas nosso efetivo não ésuficiente para socorrer uma reclamação dessas e deixar de lado umaemergência de maior potencial ofensivo, como um acidente”, explica. Segundo Adauto, o ideal é que a pessoa registre a queixa no dia seguinte,pessoalmente. “De acordo com a lei, precisamos que o reclamante compareça edê seu nome, mas ninguém quer ir, todo mundo quer ser cidadão só pelotelefone”, comenta o diretor do Ciade. Ele avisa que, caso o incomodado serecuse a mostrar o nome, pouca coisa pode ser feita. “Só podemos agir contraperturbação se alguém estiver perturbado, não posso dar à corporação(polícia) o poder de decidir quando alguém está ou não se incomodando com obarulho”, evidencia. Alternativas Quem realmente não pretende dar a cara à tapa na hora de reclamar de umvizinho que faça muito barulho pode fazer uma denúncia anônima que, segundoo coronel Adauto Gama, é recomendada somente para casos extremos. Ao ligarpara o disque-denúncia, no número 181, não é necessário dar qualquerinformação pessoal nem mesmo dizer de onde se está falando. No entanto, a ligação ainda pode não resolver o problema de imediato porquea ação também depende das viaturas policiais. Por isso, o diretor da Ciadedestaca: “A única forma de programarmos policiamento para as regiões é sesoubermos onde está o problema, e, como não somos onipresentes, isso só épossível com o registro nas delegacias”. Ele acrescenta que, se a queixa nadelegacia e o processo judicial que dela decorre não surtirem efeito, oideal é encaminhar o problema ao Ministério Público, pois “alguém estádeixando de fazer o que deve ser feito”. Adauto ainda dá uma esperança aos moradores. Os novos horários-limite para aexecução de festas e o funcionamento de bares e casas noturnas tambémpoderão ser implementados nas áreas residenciais. “Seria uma discrepânciater um apartamento em cima de um boteco que fecha à 1h e o vizinho poderfazer festa a noite toda”, argumenta. Ele garante que, a partir defevereiro, a fiscalização para todos esses casos será mais efetiva, pois,junto com as equipes policiais, haverá sempre um fiscal pronto a notificarquem estiver perturbando a ordem.
Uma festa que dura toda a madrugada, uma conversa muito alta, umensaio de uma banda muito barulhenta. Esses são alguns dos motivos quelevaram 1.473 pessoas a registrarem queixa de perturbação de tranqüilidadecontra seus vizinhos em 2007 nas delegacias do Distrito Federal. No entanto,o número representa pouco mais de 2 % da quantidade de chamados que aPolícia Militar recebe todos os dias para acabar com barulho. Como têmoutras emergências para atender, as equipes policiais não conseguemaveriguar todas as reclamações. Diante da dificuldade, os moradores preferemsuportar o vizinho a ir a uma delegacia registrar o caso. Burocracia inibe reclamação sobre vizinhos barulhentos Se alguém se sente incomodado com o barulho feito pelo vizinho, a reaçãonatural costuma ser ligar para a polícia. “Muitas vezes a gente pergunta sea pessoa já tentou resolver o problema pessoalmente e todo mundo fala quenão”, conta o diretor do Centro Integrado de Atendimento e Despacho (Ciade),coronel Adauto Gama. Mas ele diz entender os possíveis receios de quem estádenunciando. “Quando liga para a polícia é porque já tem algum problema como vizinho ou não sabe se ele pode ser perigoso”, acredita. Para esses casos, Adauto recomenda outros procedimentos. “Se a bagunça éfreqüente, é preciso levar a reclamação ao síndico do prédio, lídercomunitário, prefeito de quadra ou à administração da cidade, pois hámedidas administrativas que podem ser tomadas antes das policiais”, defende.Porém, a população ainda não está ciente dessas possibilidades. Não é à toaque, segundo o coronel, o Ciade recebe, em média, 200 ligações por dia comrelatos de perturbações feitas pela vizinhança barulhenta, enquanto somentequatro registros são feitos diariamente nas delegacias. Uma moradora do Cruzeiro, que prefere não se identificar, reclama que osatendentes do 190 recomendam que o incomodado se dirija à delegacia maispróxima para registrar a queixa em seu próprio nome. “Se eu tiver que sairde casa de madrugada para fazer isso, sendo que é papel da polícia ir láresolver o problema, prefiro agüentar o barulho”, critica. O coronel Adauto defende que a indicação dos atendentes do Ciade nãorepresenta ineficiência da polícia. “Se tivermos uma viatura disponível, nãodeixamos de atender o caso, até porque não posso obrigar uma senhora alevantar 2h da manhã e ir à delegacia”, garante. “Mas nosso efetivo não ésuficiente para socorrer uma reclamação dessas e deixar de lado umaemergência de maior potencial ofensivo, como um acidente”, explica. Segundo Adauto, o ideal é que a pessoa registre a queixa no dia seguinte,pessoalmente. “De acordo com a lei, precisamos que o reclamante compareça edê seu nome, mas ninguém quer ir, todo mundo quer ser cidadão só pelotelefone”, comenta o diretor do Ciade. Ele avisa que, caso o incomodado serecuse a mostrar o nome, pouca coisa pode ser feita. “Só podemos agir contraperturbação se alguém estiver perturbado, não posso dar à corporação(polícia) o poder de decidir quando alguém está ou não se incomodando com obarulho”, evidencia. Alternativas Quem realmente não pretende dar a cara à tapa na hora de reclamar de umvizinho que faça muito barulho pode fazer uma denúncia anônima que, segundoo coronel Adauto Gama, é recomendada somente para casos extremos. Ao ligarpara o disque-denúncia, no número 181, não é necessário dar qualquerinformação pessoal nem mesmo dizer de onde se está falando. No entanto, a ligação ainda pode não resolver o problema de imediato porquea ação também depende das viaturas policiais. Por isso, o diretor da Ciadedestaca: “A única forma de programarmos policiamento para as regiões é sesoubermos onde está o problema, e, como não somos onipresentes, isso só épossível com o registro nas delegacias”. Ele acrescenta que, se a queixa nadelegacia e o processo judicial que dela decorre não surtirem efeito, oideal é encaminhar o problema ao Ministério Público, pois “alguém estádeixando de fazer o que deve ser feito”. Adauto ainda dá uma esperança aos moradores. Os novos horários-limite para aexecução de festas e o funcionamento de bares e casas noturnas tambémpoderão ser implementados nas áreas residenciais. “Seria uma discrepânciater um apartamento em cima de um boteco que fecha à 1h e o vizinho poderfazer festa a noite toda”, argumenta. Ele garante que, a partir defevereiro, a fiscalização para todos esses casos será mais efetiva, pois,junto com as equipes policiais, haverá sempre um fiscal pronto a notificarquem estiver perturbando a ordem.