Nas cidades satélites, todos os maus exemplos
´
´
Ocupação irregular do solo no DF está no centro de questões como poluição, desmatamento e falta de água
As cidades do Distrito Federal formam, juntas, um dos locais onde todos os problemas ambientais analisados pelo IBGE estão presentes. Composto por 19 regiões administrativas, entre elas Brasília, o distrito apresenta graves problemas como gestão indevida do lixo, poluição, desmatamento e escassez de água; porém, no cerne da questão está a ocupação irregular do solo, afirma o diretor do Núcleo de Estudos Ambientais da Universidade de Brasília (UnB), Gustavo Souto Maior. "O plano piloto tem mais recursos e pessoas com mais recursos, mas também têm problemas." Segundo ele, a intensa produção de estudos sobre os ecossistemas e a ocupação humana do Distrito Federal tampouco a existência de uma legislação moderna, uma secretaria especial para o tema e diversos conselhos temáticos não impedem que os problemas apareçam e se proliferem. "O arcabouço político existe no papel. Planos não faltam. O que falta é cumpri-los."
Natural do Rio e morador de Brasília há 26 anos, Maior, de 50 anos, afirma que a ocupação desordenada do solo - conseqüência de anos de invasões e ocupações irregulares, "feitos à revelia da lei", afirma o especialista - são a causa dos demais problemas ambientais que o local enfrenta. Ele cita a Área de Proteção Ambiental (APA) da Bacia do Rio São Bartolomeu, a maior do distrito e fonte virtual de água para 500 mil pessoas da região. Na época de sua implantação, em 1983, havia 15 parcelamentos irregulares; atualmente, o número ultrapassa 500. "Com isso, a captação da água foi totalmente inviabilizada", situação que forçou o governo local a buscar fontes externas.
O Distrito Federal é a unidade da federação que apresenta a terceira pior situação hídrica do País, atrás apenas de Pernambuco e Paraíba. Algumas cidades-satélites, como Sobradinho (com 128 mil habitantes) e Planaltina (com 147 mil), já sofrem com a falta de água no período de seca.
Outro problema agravado pela ocupação irregular do solo é o desmatamento. Um levantamento feito pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) demonstra que desde o início da construção de Brasília, na década de 1950, até 2001 a região havia perdido 60% de sua cobertura vegetal original. "A antropização, ou seja, a presença do homem é muito forte e a ocupação do solo, muito rápida." O fim das áreas verdes é um dos motivos por trás dos casos de hantavírus que assustam a população local, transmitido por ratos silvestres que perderam seu hábitat e invadem a zona urbana atrás de dejetos.
Outro problema agravado pela ocupação irregular do solo é o desmatamento. Um levantamento feito pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) demonstra que desde o início da construção de Brasília, na década de 1950, até 2001 a região havia perdido 60% de sua cobertura vegetal original. "A antropização, ou seja, a presença do homem é muito forte e a ocupação do solo, muito rápida." O fim das áreas verdes é um dos motivos por trás dos casos de hantavírus que assustam a população local, transmitido por ratos silvestres que perderam seu hábitat e invadem a zona urbana atrás de dejetos.
Duas mil toneladas de lixo são produzidas diariamente no Distrito Federal, sem que exista um aterro sanitário adequado. Todo o material recolhido é lançado em um lixão localizado exatamente do lado do Parque Nacional de Brasília, que engloba as bacias dos rios Torto e Bananal, "colado ao plano piloto, Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade", diz Maior.
Também não existe um plano de coleta do lixo reciclável na capital federal